Submissão de artigos para Sig Revista de Psicanálise n.26

Chamada para a edição 26 da Sig Revista de Psicanálise.

Tema da edição: “A psicanálise e as subjetividades contemporâneas”.

Prazo para submissões: 14/fev/2025.

 

Vivemos um período de demandas imediatas, derivadas de uma visão simplificada dos conflitos que originam sintomas. Além do excesso da busca por medicação, observamos uma tendência, na clínica e na cultura, em abordar sintomas como “transtornos” específicos, como se estes estivessem desvinculados de uma tramitação pulsional. Silvia Bleichmar já nos alertava, em 2001, para a necessidade de um resgate do diagnóstico psicanalítico, ou um “resgate da determinação libidinal da formação do sintoma”, no sentido da prioridade das relações entre o aparelho psíquico e o mundo externo.

A SIG Revista de Psicanálise recebe textos para publicação de forma contínua, incluindo, em cada número, uma seção temática. Para o próximo número pensamos em homenagear a brilhante psicanalista Silvia Bleichmar, que teria feito 80 anos em 2024, ressaltando a atualidade do seu trabalho que, além de nos fornecer importantes subsídios teóricos, nos inspira a seguirmos revistando a psicanálise a partir das indagações que nos atravessam.

Os trabalhos devem ser enviados até o dia 14/02/2025 através da página eletrônica
ojs.sig.org.br, onde podem ser conferidas diretrizes, informações sobre a publicação e as edições on-line.

 

Para maiores informações:
ojs.sig.org.br/index.php/sig/about/submissions

Acesse as edições anteriores, normas para publicação e outras informações em sig.org.br/revista-sig

 

“Talvez, precisamente, porque o sujeito não está em risco de ser desconstruído pela filosofia metafísica do século XX senão pelas condições mesmas da existência, é que a palavra subjetividade ocupa hoje um lugar tão importante nos intercâmbios psicanalíticos. “Mudanças na subjetividade”, “processos de des-subjetivação”, “subjetividade em risco”, “desconstrução da subjetividade” são enunciados frequentes e colocam em evidência a preocupação que atravessa a todos aqueles que se encontram confrontados com os efeitos, no psiquismo humano, das transformações ocorridas entre o fim do século XX e início do XXI” (Bleichmar, 2009, p. 92).

Vivemos um período de demandas imediatas, derivadas de uma visão simplificada dos conflitos que originam sintomas. Além do excesso da busca por medicação, observamos uma tendência, na clínica e na cultura, em abordar sintomas como “transtornos” específicos, como se estes estivessem desvinculados de uma tramitação pulsional. Silvia Bleichmar já nos alertava, em 2001, para a necessidade de um resgate do diagnóstico psicanalítico, ou um “resgate da determinação libidinal da formação do sintoma”, no sentido da prioridade das relações entre o aparelho psíquico e o mundo externo. Nas palavras de Bleichmar (2010, p. 16), é preciso “recuperar a proposta freudiana de sexualidade, que não tem nada que ver com a genitalidade, mas com tudo aquilo que passando pelo par prazer-desprazer, abarca as problemáticas do sofrimento psíquico e do amor e ódio.”

Ao tomarmos como ponto de partida essa proposição, destacamos o necessário e contínuo compromisso de “fazermos a psicanálise trabalhar”. Isso implica, tal como explicita Bleichmar, resgatar operadores conceituais fundamentais da psicanálise e revisitá-los a partir de um campo de tensionamento com as questões que atravessam o nosso contexto sócio-histórico. De fato, encontramos, em sua obra, um frutífero legado que nos permite avançar no debate acerca da constituição do sujeito psíquico e da produção de subjetividade.

Destacamos que Silvia Bleichmar (2009) delimita um importante posicionamento teórico ao levar em consideração que há aspectos que mudam e outros que são invariantes. Segundo a autora, a subjetividade é um produto histórico, que varia em diferentes culturas e que sofre transformações de acordo com os sistemas histórico-políticos. Já o processo de constituição psíquica possui algumas premissas invariantes, ainda que não esteja apartado do atravessamento do campo histórico-social. Sob este aspecto, ao refletir sobre os processos de padecimento psíquico, aponta que a parcela invariante diz respeito à sua motivação libidinal. E o que muda, nos diz, “é o destino da pulsão, muda o modo pelo qual o eu se defende do desejo a partir da qualificação que o desejo tenha para o eu, o que faz com que surjam novas formas de patologias, não universais, não globalizadas (Bleichmar, 2009, p.141).

Diante do exposto, nos pareceu pertinente ampliarmos a discussão acerca do tema da subjetividade, pela possibilidade de pensarmos o sujeito psíquico, desde sua singularidade, mas em articulação com um campo sócio-histórico. Desde esta perspectiva, a autora é contundente ao evidenciar que os modos de des-subjetivação, já há muito tempo em marcha na América Latina, deixam o psiquismo entregue ao desamparo. Entende-se que a organização psíquica a e estabilidade da subjetivação estão estreitamente relacionadas, sendo que esta última é estabilizante da primeira.

Para esse número da Sig Revista de Psicanálise, pensamos em homenagear a brilhante psicanalista Silvia Bleichmar que teria feito 80 anos em 2024, ressaltando a atualidade do seu trabalho que, além de nos fornecer importantes subsídios teóricos, nos inspira a seguirmos revistando a psicanálise a partir das indagações que nos atravessam.

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